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Como escrever com mais leveza

Eu nunca parei para pensar muito sobre o meu processo de escrita. Na minha experiência, escrever sempre foi sinônimo de leveza, de me permitir e experimentar coisas novas. 

Não sei se tenho um método e, definitivamente, não tenho uma receita de bolo. Mas, desde que comecei a trabalhar profissionalmente com as palavras, algumas pessoas me perguntam sobre técnicas e estilos de escrita. 

Outro dia, conversando com uma cliente, ela disse que adorava acompanhar meus textos e que queria que a comunicação da sua empresa tivesse mais disso. 

“Disso o quê?”, perguntei. 

“Disso”, ela respondeu. 

E então vi, através de seus olhos, como a escrita podia tocar outras pessoas.

Desacelerando

Vivemos em um mundo cada vez mais conectado. Nele, as pessoas têm voz e muitas formas de se expressar. Mas, com tanta gente falando sobre tanta coisa, pode ser difícil escolher onde dedicar sua atenção. 

Por isso, sou adepta ao movimento do slow content, que visa desacelerar a produção de conteúdo, visando a qualidade ao invés da quantidade. 

Ou seja, acredito que mais vale ler – ou escrever – um conteúdo aprofundado e que entrega valor de verdade para quem o consome do que entupir as redes sociais de conteúdos superficiais.

Infelizmente, além de conteúdos rasos, a internet está cheia de textos difíceis de ler e de compreender: textos rígidos, quase técnicos, para falar sobre qualquer assunto.

Só que pra mostrar que domina um tema, você não precisa reinventar a roda, não! Nem dar uma aula de pós-graduação. 

Trazer simplicidade para a escrita significa conseguir transmitir a informação de forma leve e prática. A meta é saber que o leitor terminou o seu texto com algum aprendizado ou insight, algo que faça a leitura valer a pena. 

10 dicas para escrever com mais leveza

Pensando nisso, eu reuni 10 dicas que ajudam a trazer essa leveza para os textos. Como você perceberá, nem todas são técnicas de escrita, mas antes, uma forma de pensar que deve estar presente em seu trabalho e guiar seus textos. Veja só: 

  1. Escreva como você fala

Não complique à toa. Uma linguagem muito formal ou rebuscada pode afastar as pessoas da leitura. 

Mas veja bem, isso não quer dizer que você não deva respeitar as regras gramaticais da língua. A ideia é apenas escrever de uma forma que se aproxime mais de uma conversa, pois isso deixa o texto mais fluido. 

Não abuse de expressões formais, prefira explicar conceitos de forma descomplicada, evitando termos muito técnicos e específicos – a menos que façam sentido dentro do contexto, é claro. 

  1. Acrescente expressões do seu vocabulário na comunicação

Usar palavras e expressões do seu vocabulário cotidiano ajudam a humanizar o texto, dando um toque de autenticidade na sua comunicação. 

Você também pode usar gírias e expressões populares, mas tome o cuidado de garantir que o leitor entende o significado dessas palavras. 

Outra opção, que eu particularmente adoro, é usar elementos visuais, se o canal permitir e fizer sentido dentro do contexto. Já escrevi um texto aqui na plataforma sobre o impacto dos GIFs na comunicação, e como eles trazem mais leveza e dinamismo para a conversa. Além de serem uma linguagem universal, seu humor cria um vínculo entre autor e leitor, adicionando mais sentido à mensagem transmitida. 

  1. Escreva sobre o cotidiano

Já vi muitos escritores travarem por achar que não têm nada a dizer. Ou então, por quererem criar uma obra prima toda vez que se sentam para produzir. 

Uma das coisas que mais me ajuda a ser criativa e a escrever de forma leve é reparar nos detalhes do cotidiano. 

A verdade é que tem muita coisa no nosso dia a dia que renderia uma bela reflexão. E ter um olhar mais atento e sensível ao mundo à nossa volta ajuda a encontrar ótimas pautas para a escrita. 

Textos simples geram identificação e conexão com as pessoas, e isso faz com que elas voltem aos seus escritos. Muitas vezes, um texto sobre dicas práticas pode ser mais interessante do que uma dissertação sobre um tema mirabolante. O segredo é escrever sobre o que você conhece!

  1. Leia!

Todo bom escritor que eu conheço é, sem dúvidas, um grande leitor. Comece a ler mais livros, experimente novos gêneros literários, e encare suas leituras como uma grande fonte de aprendizado. 

Leia com atenção e curiosidade, tente reparar no estilo do autor, em suas escolhas, exemplos e todos os elementos que compõem o texto. 

Inclusive, a Francine Prose, que é escritora e crítica literária, tem um livro inteirinho sobre isso e eu recomendo muito a leitura! O livro se chama Para ler como um escritor, e você pode encontrá-lo aqui

  1. Exercite a empatia

Aprender a se colocar no lugar do outro é a melhor forma de construir relacionamentos genuínos. 

Por isso, mesmo que você domine um tema, tente se colocar do outro lado, como se fosse ler sobre isso pela primeira vez. Essa mudança de perspectiva vai te ajudar a simplificar conceitos, usar exemplos práticos e passar sua mensagem de forma mais clara. 

Além disso, a empatia nos mostra que é normal que as pessoas tenham opiniões e visões de mundo diferentes da nossa, ajudando a encontrar um lugar comum – no meio do caminho – para a comunicação. 

  1. Use frases curtas

Evite escrever blocos de textos, eles são cansativos e espantam os leitores. Escrever frases e parágrafos curtos ajuda a dar mais escaneabilidade ao texto, o que o torna mais agradável de consumir. 

Outras técnicas de escaneabilidade são: destacar trechos do texto em negrito ou itálico, espaçar parágrafos, criar subtítulos ou usar listas – como esta que você está lendo agora.

Além de deixar o texto menos cansativo, só de bater o olho, o leitor já consegue ter uma ideia sobre o assunto geral e pode decidir se vale ou não a leitura. 

  1. Seja conciso

Evite repetições e palavras desnecessárias. Sempre que possível, vá direto ao ponto e transmita suas ideias de forma sucinta. 

Um texto mais curto e objetivo tende a ser mais leve. Além disso, ele agrada os leitores por entregar a informação sem enrolação ou confusão. 

  1. Deixe o texto dormir

Essa é uma técnica que eu uso em TODOS os meus textos! Depois de escrever, é importante deixar suas palavras e mente descansarem. 

Depois de alguns dias (se possível), você retorna ao texto com um olhar renovado. Esse é um bom momento para editar e revisar seu texto, fazendo pequenas alterações e correções de erros ortográficos ou de digitação. 

Você também pode aproveitar para ler o texto em voz alta, assim, tem uma percepção melhor sobre a compreensão das palavras escritas. 

  1. Utilize exemplos e analogias

Sabe o famoso storytelling? Ele pode ser muito bem utilizado aqui. Ilustre seu texto com exemplos práticos, ou faça analogias que ajudem na compreensão dos conceitos. Isso ajuda a tornar o conteúdo mais visual e palpável para o leitor.

Quando apropriado, você também pode adicionar pitadas de humor ao texto, como trocadilhos, histórias engraçadas, ou os GIFs, que comentamos anteriormente. 

  1.  Seja autêntico

Não tenha medo de dar personalidade ao seu conteúdo. Escreva com sua própria voz e estilo. Isso torna o texto mais pessoal e envolvente. 

Evite tentar imitar outras pessoas ou forçar um tom que não seja natural para você. Ao invés disso, encontre um estilo que combine com você e que transmita seus valores para o conteúdo. 

Fala sério, não tem nada melhor do que começar a ler um texto e já saber quem o escreveu, de tão marcante que seu estilo é 😉

Agora é sua vez

Tenho certeza que essas dicas irão mudar sua forma de pensar na hora de escrever seu próximo conteúdo!

E lembre-se de que a leveza no texto não significa que o conteúdo deva ser superficial. Ao contrário, é possível tratar de assuntos sérios e complexos de maneira acessível e envolvente.

Escrever com leveza pode tornar seu texto mais agradável, cativante e fácil de ler. Essa simplicidade imprime uma marca nos seus escritos, deixando-os mais autênticos e transmitindo uma mensagem que vai muito além das palavras escritas. 

Se você gostou desse conteúdo, fica meu convite pra você me seguir por aqui e também no LinkedIn. Vira e mexe eu apareço com conteúdos que ajudam a desenvolver sua escrita e soft skills para ser ainda mais assertivo em sua comunicação. 

Até a próxima! 💜

Publicado originalmente em: Medium.

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Hábitos, rotinas e rituais

Tudo o que fazemos ao longo do dia está relacionado com nossos hábitos. Cada comportamento, executado de maneira consciente ou não, pode fazer parte de uma rotina ou ritual. 

Você já parou para pensar, por exemplo, na sequência de atividades que faz todas as manhãs? Por aqui, acordo, escovo os dentes, arrumo a cama e sigo para a cozinha preparar meu café da manhã; cuido da  minha cachorrinha e depois me sento para comer e me atualizar com as notícias. 

Por mais que sejamos espontâneos e que cada dia seja diferente, ter uma rotina é uma parte indispensável de nossas vidas. 

Hoje, vamos conversar sobre a diferença entre hábitos, rotinas e rituais e entender como eles se relacionam no dia a dia. E então, vamos nessa? 

Hábitos

Um hábito nada mais é do que determinado comportamento que passa a ser repetido de maneira automática e com certa frequência. 

Charles Duhigg, autor do livro “O poder do hábito”, diz que hábitos são as escolhas que fazemos deliberadamente em algum momento e, nas quais paramos de refletir depois, apenas continuando a fazer.

Isso acontece porque o cérebro humano está o tempo todo procurando maneiras de economizar energia e esforço. Então, com o tempo, essas decisões que foram tomadas em certo momento se tornam comportamentos tão automáticos que, às vezes, nem reparamos no que estamos fazendo – ou seja, eles passam a acontecer em nível inconsciente, sem que reflitamos sobre eles. 

Como o cérebro funciona por associação, uma vez que aprendemos um comportamento e passamos a executá-lo, paramos de refletir sobre ele – é assim que nascem os hábitos. 

Não podemos simplesmente “perder” um hábito, deixando-o para trás, mas podemos modificar essas associações que nosso cérebro executa a fim de modificar um hábito ou criar um novo. 

Para modificar um hábito, precisamos identificar a deixa, que é o que acontece antes do comportamento; depois o comportamento ou atividade que representa o hábito em si e, por fim, identificar qual a recompensa gerada por ele. 

Se quiser saber mais, recomendo a leitura deste artigo, onde eu dou 4 dicas para criar ou mudar um hábito. 

Rotinas

Tanto hábitos quanto rotinas são caracterizados por comportamentos regulares e frequentes. Porém, a diferença entre eles é que o hábito se torna tão automático que acontece sem a necessidade de reflexão ou pensamento consciente. Enquanto que uma rotina demanda um nível maior de atenção  e esforço. 

As rotinas exigem prática e intenção. Todos os dias, nós realizamos um conjunto de comportamentos de forma regular, como fazer uma atividade física pela manhã ou preparar o almoço, por exemplo. 

É claro que algumas rotinas podem se transformar em hábitos com o tempo e a repetição dos comportamentos. 

Isso acontece quando um comportamento está tão enraizado em sua rotina que você simplesmente entra no “piloto automático” enquanto o realiza. Um bom exemplo pra mim é arrumar a cama de manhã – faço tão rápido e de forma mecânica que não reflito sobre a ação e, quando vejo, já estou até saindo do quarto. 

A rotina é uma sequência que você faz sempre da mesma forma, e é algo que você ainda precisa se lembrar de fazer. Mesmo que seja feita com muita regularidade, é preciso querer fazê-la. 

Rituais

Um ritual é muito parecido com uma rotina, no sentido de que é algo que você faz de forma regular e repetida. A diferença, porém, está na intenção. 

Transformar um comportamento em ritual é uma forma de tornar seus hábitos e atividades mais prazerosos e com isso incluí-los na rotina de forma mais harmônica.

Assim, os rituais nos ajudam a tornar alguns momentos mais especiais, eles mantêm nossa atenção no momento presente e nos ajudam a nos conectar com nosso propósito e objetivos. 

Um exemplo de ritual em minha rotina é criar um momento de autocuidado no final de semana. Tomar um banho mais longo, hidratando os cabelos e fazendo uma rotina de skincare em seguida, realizando cada passo com cuidado e atenção. 

Aplicar a atenção plena em rotinas diárias é uma ótima maneira de criar rituais para si mesmo. 

O momento da refeição pode ser realizado com essa intenção, por exemplo: se alimentando de forma consciente, você sente melhor o sabor da comida e aprende a entender os sinais de saciedade do seu corpo. 

Como tudo isso se encaixa no dia a dia

Apesar das diferenças conceituais, fica claro que hábitos, rotinas e rituais são essenciais para a vida cotidiana. 

Para algumas coisas, realmente não precisamos de foco e concentração, então ainda bem que transformamos pequenos comportamentos em hábitos

Já as rotinas são indispensáveis para otimizar o tempo e as tarefas, deixando a vida mais fluída. 

E os rituais são uma forma gostosa de retomar a consciência e atenção em nossos comportamentos, carregando-os com intenção e propósito. 

Não existe um conjunto certo ou errado de hábitos a seguir. O importante é identificar quais rotinas fazem sentido para você, pois elas nos ajudam a gerenciar nosso tempo e atividades. Já os comportamentos que podem se transformar em rituais, nos motivam a alcançar nossos objetivos. 

É claro que todos esses comportamentos podem mudar com o tempo, afinal, a vida muda e nós mudamos junto com ela! 

Espero que você tenha gostado deste artigo e que ele te ajude a prestar mais atenção em seus hábitos e rotinas. Experimente criar pequenos rituais e aprecie seu dia a dia de forma consciente e presente 

Publicado originalmente em: Medium.

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Método GTD: conheça os 5 passos para a produtividade e comece a se organizar hoje mesmo

Método GTD é uma abreviação de “Getting Things Done”, o nome dado ao método criado por David Allen – um consultor de produtividade e grande referência quando o assunto é organização. Em seu livro, traduzido como “A arte de fazer acontecer”, Allen ensina a metodologia que desenvolveu para sua organização pessoal e que testou com muitos de seus clientes – inclusive CEOs de grandes empresas.

O principal objetivo do método GTD é  criar um equilíbrio entre a produtividade e nossa habilidade de relaxar. Segundo o autor, é somente depois de tirar as ideias da cabeça e organizá-las em sistemas estruturados que conseguimos manter um alto desempenho e liberar nosso potencial criativo

Indo muito além de gerenciar o tempo, a ideia é melhorar sua produtividade e também a qualidade de vida, de modo que sua organização funcione sem estresse, sobrecargas ou ansiedades desnecessárias.

Pode até parecer um sonho, mas Allen garante que é possível!

O que acontece é que, de modo geral, temos muitos assuntos e pendências que ficam ocupando nossa mente nos momentos errados. Essa preocupação constante é improdutiva e extremamente cansativa. Por isso, precisamos aprender a identificar todas as pendências e coisas que devem ser feitas, para refletirmos sobre elas e tomarmos as ações necessárias.

Para retomar o controle de sua rotina, é preciso transformar cada demanda em uma ação. E essa é a primeira etapa em direção de uma vida mais organizada!

Os cinco passos para dominar o fluxo de trabalho

Para implementar o método GTD, basta seguir 5 passos simples que irão elevar o nível da sua organização, criando um verdadeiro sistema de gerenciamento de demandas e tarefas.

Em resumo, você deve: (1) capturar e registrar em algum lugar tudo aquilo que chama sua atenção; (2) esclarecer o que cada item significa; (3) organizar, ou seja, decidir quais as próximas ações para cada tarefa; (4) refletir e revisar o fluxo de trabalho com frequência e; finalmente, (5) se engajar na execução das próximas tarefas.

A seguir discutiremos cada um deles em detalhes. Acompanhe!

1. Capturar

Reserve um tempo e olhe para tudo o que há a sua volta – tudo mesmo, nas mais diversas áreas da sua vida. A primeira etapa do método consiste em capturar tudo o que demanda sua atenção para que possa processar adequadamente.

O ideal é criar uma caixa de entrada – provavelmente você precisará de ao menos uma versão física e uma digital – e então registrar tudo ali. Não se preocupe ainda com o que fará com cada item, a ideia é apenas coletá-los.

Segundo o autor: “assim que você determina que um item ‘poderia’, ‘precisa’ ou ‘deveria’ ser resolvido, ele se torna uma pendência.”

E-mails, compromissos, panfletos, tarefas domésticas… Limpe sua mente esvaziando-a conforme transfere todas as pendências para um sistema externo de caixas de entrada, combinado? 

2. Esclarecer

Depois de concentrar todas as demandas, compromissos e ideias, é a hora de processar todas essas informações – ou tralhas, como David Allen carinhosamente as define.

Olhe para cada item da caixa de entrada e defina o que fazer a seguir. Algumas coisas não requerem mais ações, então decida se deve jogar fora ou armazenar (e nesse caso, em que lugar). Já os itens que demandam ações, devem ser divididos em tarefas menores, de forma que se tornem gerenciáveis.

O objetivo aqui é conseguir obter uma visão clara de tudo o que há para fazer.

3. Organizar

Depois de esclarecer quais são as tarefas que tem para realizar, é a vez de categorizar e estabelecer relações de prioridade entre elas.

Para fazer isso, você deve considerar o contexto, os recursos e tempo que tem disponível, além de prazos, urgências e a dependência ou não de outras pessoas para sua execução.

Use um calendário ou agenda para compromissos que tem dia e/ou hora para serem realizados e crie listas de próximas ações para as demais tarefas.

A ideia é se organizar para que as demandas não te sufoquem. Porque na verdade você não pode executar um projeto, pode apenas executar ações relacionadas a ele, um passo por vez.

A seguir, você confere o Diagrama do fluxo de trabalho que resume o método e suas possibilidades:

4. Refletir

Para que o método funcione, você precisa ir além de capturar, esclarecer e se organizar. Refletir é o momento de examinar todas as tarefas que demandam ações e se aprofundar em suas escolhas.

Essa etapa precisa ser constante: revise seu fluxo de trabalho com frequência e monitore o andamento de cada projeto.

5. Engajar

A última etapa do GTD é, finalmente, o momento da ação. Agora que você tem clareza de todo o panorama de suas tarefas, tem condições de tomar boas decisões para a execução de cada pequena ação que te levará rumo à conclusão de seus projetos ou compromissos.

O Método GTD funciona mesmo?

Como o autor destaca: “sempre há mais a fazer do que você é capaz, e você só pode fazer uma coisa de cada vez. O segredo é se sentir tão bem em relação ao que você não está fazendo quanto ao que está fazendo no momento.”

Eu li o livro pela primeira vez em 2018, quando ainda trabalhava em uma empresa, como parte de uma equipe; e reli agora, mais de cinco anos depois, em um contexto completamente diferente: trabalhando como freelancer, em parceria com outros profissionais e em contato constante com clientes de diferentes áreas.

Revisitar a metodologia me ajudou a entender melhor minhas demandas e organizar meu tempo de forma a ser mais produtiva – e criativa – no novo cenário.

Entre os principais benefícios do método, destacam-se:

  • Otimização do tempo;
  • Produtividade e assertividade nas tarefas;
  • Espaço para criatividade e novas ideias;
  • Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal;
  • Diminuição de estresse e ansiedade;
  • Bem-estar e qualidade de vida;
  • Flexibilidade.

Se você gostou desse resumo, não deixe de ler o livro para conhecer o método na íntegra! Além de ser uma leitura fácil e acessível, os exemplos que o autor dá ao longo do livro ajudam a visualizar a função e execução de cada etapa.

 Colocar o GTD em prática é um presente que você se dá, e pode ter certeza que sua rotina agradece. Eu garanto que tanto você quanto as pessoas à sua volta logo sentirão a diferença na sua forma de fazer acontecer!

Publicado originalmente em: Medium.

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Vale a pena participar de concursos literários?

Quando comecei a escrever, criei um blog para compartilhar minhas ideias, pensamentos e sentimentos com o mundo – ou com quem estivesse interessado em ler. E tenho um carinho enorme pelo público e amigos que conquistei aqui! Aos poucos, fui entrando também nas redes sociais, onde conheci outros leitores e colegas escritores. 

Toda essa jornada fortaleceu meus passos no caminho da escrita. Ainda assim, demorei para começar a pensar seriamente em publicação. A verdade é que o início pode ser bastante assustador para quem está começando a escrever.

Parece impossível entrar no mercado editorial tradicional! Mas a boa notícia é que, hoje em dia, existem diferentes opções para quem deseja publicar seus escritos – e isso ajuda o autor a ter mais alternativas na hora de publicar e começar sua carreira como escritor.

Além dos blogs e redes sociais, o autor pode optar pela autopublicação em plataformas como o Kindle, da Amazon. Eu tive uma maravilhosa experiência por lá, e o resultado você pode conferir aqui

Outra opção para quem quer aumentar o alcance de seus textos são as revistas digitais e antologias de contos organizadas por algumas editoras.. Esses projetos costumam ser bem estruturados e contam com uma equipe de profissionais que trabalha o texto e realiza a curadoria do conteúdo, compondo uma coletânea que é divulgada –  de forma gratuita ou paga –  em seus canais. 

Em geral, para participar de uma publicação, o autor precisa se inscrever em um concurso literário. Mas será que vale a pena participar desses eventos? É o que veremos a seguir!

O que é um concurso literário

Cada concurso tem suas particularidades, mas, de maneira geral, trata-se de um concurso que escritores se inscrevem para participar de um processo de seleção. Pode ter um tema específico ou não, por isso é importante que, antes de se inscrever, você se atente às regras do edital proposto.

Depois que a inscrição é realizada, o texto é lido e avaliado segundo os critérios do concurso. Os autores selecionados ganham um prêmio, que pode ir da publicação de seu texto até medalhas, menções honrosas ou prêmios em dinheiro.

Na minha experiência, posso afirmar que os concursos são uma ótima oportunidade para quem está começando na carreira de escritor e não sabe como entrar no meio editorial. 

Além de participar de projetos de incentivo à cultura, o autor iniciante tem a oportunidade de acompanhar de perto como os processos de publicação acontecem!

Mas vale a pena participar de concursos literários? 

Em geral, sim! É claro que é importante ler todas as regras do edital e conferir o que é solicitado na inscrição. A maioria dos concursos que vejo por aí são gratuitos, e por isso fica a dica de sempre desconfiar de taxas de inscrição 👀. Pesquise sobre a reputação da instituição antes de pagar qualquer valor ou assinar um contrato e, não tome nenhuma decisão se ainda estiver com dúvidas. 

Com os devidos cuidados, os concursos literários podem trazer muitas vantagens para quem participa deles. A seguir, listei 6 bons motivos para acompanhar editais e se inscrever em concursos. Confira!

  1. Validação: ser selecionado é uma forma de reconhecimento pelo seu texto. Saber que alguém gostou do seu trabalho e receber um convite para fazer parte de uma publicação desperta uma sensação muito boa em qualquer autor. Além disso, ver seu texto trabalhado dentro de uma obra – seja ela física ou digital – dá outra dimensão à sua escrita. Digo por experiência própria que é uma recompensa muito prazerosa; 
  2. Alcance: ter um texto publicado por uma revista ou editora é uma ótima chance de “furar sua bolha” e expandir seu público leitor. Por mais que você publique em seu blog pessoal ou nas redes sociais, o fato é que uma publicação formal que reúne mais autores terá um alcance maior e, assim, mais pessoas poderão entrar em contato com a sua obra; 
  3. Revisão: num mundo ideal, todos os textos são publicados sem erros gramaticais e em sua melhor versão. A realidade, porém, não é bem assim… Em geral, quando publicamos um texto por conta própria, corremos o risco de deixar passar pequenos erros de digitação, ortografia, ou até mesmo falhas de estrutura. Antes de ser publicado, seu texto será editado e/ou revisado por uma equipe profissional, e isso eleva a qualidade da sua escrita. Considere isso como uma oportunidade de crescer profissionalmente, recebendo um feedback especializado;
  4. Processo de publicação: na minha opinião, uma das melhores partes de ser publicado é poder acompanhar de perto cada etapa do processo de publicação! Você vê a evolução do seu próprio trabalho com o processo de revisão e tem o seu texto como parte de um conjunto maior e coeso. Algumas editoras dão spoilers da edição e compartilham um pouquinho de cada etapa com os autores; 
  5. Networking: ao participar de uma publicação coletiva, seja em uma revista ou antologia, você tem a oportunidade de conhecer outros autores. Isso amplia sua rede de contatos profissionais, permitindo a formação de novas parcerias e trocas de experiências. Já fiz boas amizades durante a publicação das antologias que já participei; 
  6. Portfólio: conforme você publica, vai criando um portfólio ou catálogo de trabalhos para chamar de seu. As publicações fortalecem a carreira do escritor e mostram o reconhecimento da qualidade de sua obra. Já pensou reservar um espacinho na sua estante para guardar seus próprios trabalhos? 😍

Dicas para ser selecionado em concursos literários

Ao longo do caminho, você receberá aceites e recusas em meus textos e os motivos para isso variam muito! O fato é que nem sempre a gente consegue vencer. Mas, com algumas dicas simples, você pode ficar atento para aprimorar sua participação nos concursos, veja só: 

  1. Sempre leia o edital: algumas pessoas enviam textos sem conferir se o tema se adequa ao que está sendo solicitado no edital, ou mesmo se o número de palavras ou formato do texto estão no padrão exigido. Para evitar uma recusa que pode te desmotivar, leia atentamente a descrição da proposta e as regras do edital e envie seu texto apenas se ele cumprir com todos os requisitos; 
  2. Escolha suas batalhas: não adianta sair enviando seus textos para qualquer concurso. É importante que você pesquise sobre a instituição que está promovendo a ação. Veja se seu texto condiz com o gênero dessa publicação, se os seus valores são parecidos com os valores da revista ou editora e, finalmente, pense se o público leitor dessa publicação faz sentido para você e sua obra. Pensar nesses detalhes te ajuda a direcionar suas inscrições para aqueles concursos que mais combinam com você;
  3. Não escreva para ganhar: pode parecer estranho, mas é verdade! Não escreva pensando em agradar os jurados, ao invés disso, escreva as histórias que deseja contar, seja autêntico e explore suas técnicas para aprimorar seu estilo. Quando encontrar um concurso que combine com você, ótimo! Pode ter certeza que a classificação vem como uma consequência natural da qualidade da narrativa e da escrita. 

Nos últimos anos, participei de algumas antologias de contos e fiz parcerias com três editoras, chegando a ser convidada para escrever mesmo sem me inscrever em um concurso. Tudo isso me abriu portas e me apresentou a autores incríveis! No meio desses contatos surgiram outras oportunidades de publicação e divulgação de minhas crônicas e contos. 

Hoje, tenho muito orgulho de fazer parte da equipe editorial de uma revista literária que é cem por cento digital e de acesso gratuito, a Revista Maçã do Amor, que divulga histórias de amor de autores nacionais. No nosso site, você acompanha tudo sobre os próximos editais, além de poder se divertir lendo as edições já publicadas. 

Fazer parte da equipe de seleção da revista me deu outro olhar sobre a importância dos concursos literários, a diversidade e riqueza de temas e autores em busca de um canal de publicação para seus textos, além de, é claro, a importância de aprimorar as habilidades de escrita e o networking dentro do mundo literário. 

Espero que esse texto te ajude na hora de se inscrever em seu próximo concurso! Boa sorte e quem sabe não nos encontramos em alguma publicação? 💜

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Como escrever todos os dias: exercícios para destravar a escrita

Quem me acompanha por aqui já deve saber que eu sempre amei escrever! Como hoje trabalho com as palavras, sentar em frente ao computador e encarar uma página em branco se tornou minha rotina. Mas esse nem sempre foi um hábito… Destravar a escrita é um desafio que vencemos diariamente, e hoje quero compartilhar algumas dicas de exercícios que me ajudaram — e ajudam — a estimular o hábito de escrever todos os dias.

Exercitando a escrita

Exercícios de escrita são uma ótima maneira de melhorar a produção de textos. Eles ajudam tanto a destravar um projeto atual, oferecendo novas perspectivas; quanto são verdadeiros estimulantes para exercitar a criatividade e gerar novas ideias que podem vir a ser trabalhadas e desenvolvidas.

Alguns exercícios simples que ajudam a praticar são:

  1. Faça a descrição detalhada de um cômodo da sua casa. Não importa se é a cozinha ou o banheiro, o objetivo é refinar seu olhar para os detalhes e praticar a descrição do cenário que rodeia a cena;
  2. Pegue uma notícia e escreva uma história a partir dela. Pense em quem são os personagens envolvidos na trama, quais seus desejos e motivações. Isso te ajudará a dar mais profundidade para seus personagens;
  3. Quando sair, preste atenção aos diálogos. Em um restaurante, parque ou transporte público, preste atenção nas pessoas e repare no que elas falam e na maneira como falam. Use algo que ouvir como base para criar uma história — pode ser uma história curta mesmo, a ideia é expandir uma cena a partir de um elemento disparador.

E vale lembrar que nada do que você escrever aqui precisa ser o seu melhor trabalho. Esses exercícios são apenas uma forma de te estimular a praticar.

Praticando diariamente, você escreverá melhor a cada dia 😉

Experimente o exercício das páginas diárias

Esse exercício merece um tópico à parte! No livro “O Caminho do Artista”, de Julia Cameron, a autora propõe um exercício de “páginas matinais”. Funciona mais ou menos assim: todos os dias pela manhã, você se senta e escreve — em um caderno ou no computador — pelo menos três páginas.

Segundo a autora, o ideal é fazer o exercício pela manhã mesmo, pois apesar do nosso corpo já estar funcionando, o cérebro ainda não “ligou” completamente e, por isso, nossos mecanismos de defesa ainda não foram totalmente ativados. É como se pudéssemos “ser mais nós mesmos” nesse período e, por isso, a escrita flui com mais naturalidade.

Em alguns dias pode sair um desabafo, em outros uma descrição, vale até lista de supermercado, caso isso esteja ocupando sua mente. O mais importante é que você não deve se preocupar com regras gramaticais, pontuação ou coerência. Sinta-se livre para colocar as palavras no papel exatamente da forma como elas saírem, o que importa é que sejam o mais fiéis possível aos seus pensamentos no momento. E pode ficar despreocupado, elas são só suas — não precisa mostrá-las para ninguém se não desejar.

O objetivo é conseguir tirar da frente aquilo que pode estar te travando. Esse livro é um verdadeiro guia, não apenas para escritores, mas para todos os artistas que estão em busca de se conectarem mais profundamente com sua criatividade.

Em minha experiência pessoal, nem sempre consigo escrever livremente pela manhã, pois alguns compromissos tomam conta da minha agenda. Porém, todos os dias busco resgatar uma escrita mais espontânea de dentro de mim.

Desde que comecei a escrever profissionalmente, sinto que minhas palavras se tornaram mais técnicas, um pouco mais formais. Recuperar essa espontaneidade é um desafio. Mas estou sempre em busca de me encontrar através de minha escrita, afinal, foi isso que me motivou a escrever em primeiro lugar.

Pratique, pratique e pratique mais um pouco

Escrever não tem segredo, mas requer constância. Escrever bem não é um dom, é treino. Ficamos melhores à medida que o tempo passa e exercitamos os dedos e a mente.

E se você, assim como eu, escreve — ou deseja escrever — profissionalmente, saiba que precisa escrever com ou sem inspiração, então não resta alternativa a não ser sentar e escrever.

Costumo dizer que a escrita é como um alongamento: quanto mais você se alonga, mais espaço abre dentro de você. A cada dia, a cada alongamento, você consegue estender um pouquinho mais. É aos poucos que você trilha um caminho para chegar onde sequer imaginava que seria possível (obrigada aulas de Yoga por me ensinarem a viver isso dentro e fora do tapete!).

Por isso, a repetição é o caminho para o hábito. Diversos autores revelam seus exercícios de escrita e todos têm uma coisa em comum: a persistência. Não importa se você está motivado ou não, sente e pratique.

Mas também não adianta escrever sem rumo. Parar para refletir é muito importante! Minha dica é que você defina o seu objetivo com a escrita. Seja sincero consigo mesmo e se pergunte:

● O que você quer é um hobbie ou uma atividade profissional?

● Quer criar histórias de ficção ou transmitir seu conhecimento e técnica para outras pessoas?

Suas respostas serão seu guia na jornada com as palavras. Assim que definir um objetivo, você se sentirá mais motivado a praticar sua escrita.

Depois disso, recomendo que você faça um compromisso consigo mesmo: escrever é um ato solitário e, por isso, precisamos contar ao mundo e, principalmente, a nós mesmos, que precisamos de tempo, espaço e silêncio.

Converse com as pessoas que moram em sua casa para que elas respeitem seu tempo de escrita, e também faça a sua parte: desligue as notificações e minimize ao máximo as distrações para que você possa se focar.

Alterne períodos de produção com intervalos de descanso, afinal, eles também são importantes! Saber a hora de parar nos ajuda a descansar a mente e, além disso, consumir conteúdos e se permitir o lazer, nos oferece repertório para alimentar a nossa criatividade. Por isso, as pausas podem ser revigorantes para o escritor.

Escrita e autoconhecimento

No fundo, todo escritor fala sobre si. Quanto mais exploramos a escrita e nos desafiamos a persistir escrevendo, mais temos a chance de nos conhecermos.

Escrever é marcar um encontro com si mesmo e uma página em branco. O exercício das páginas diárias é uma oportunidade incrível de aprender mais sobre si, lidar com suas inseguranças e bloqueios criativos, além de ajudar a descobrir o tom da sua voz e estilo de escrita.

Ao contrário do que pode parecer, esse exercício não é introspectivo. Ao contrário, ele nos convida a colocar pra fora, dividir com o mundo aquilo que existe dentro de nós. Começamos com uma folha de papel, em um espaço íntimo. Mas a disciplina e o hábito nos dão a força e a coragem para ir além.

Se você gostou dessas dicas, recomendo que experimente por pelo menos uma semana — o ideal é que seja por um mês, o tempo que levamos para criar um novo hábito. E continue me acompanhando por aqui, pois a partir da minha experiência como redatora, eu compartilho dicas práticas de escrita e produção de conteúdo. Aproveita e me conta se você tem alguma outra técnica que funciona pra você, vou adorar conhecer e experimentar 💜

Publicado originalmente em: Medium.

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2022: o ano da ressaca

Toda vez que o final de ano se aproxima, eu começo a ficar reflexiva. Tenho o hábito de fazer uma retrospectiva em dezembro. Funciona assim: todos os dias do mês eu escrevo sobre um evento que marcou o meu ano. Assim, tenho a chance de entrar em contato novamente com pelo menos 31 coisas que aconteceram ao longo dos últimos meses.

Não tem regra, vale falar sobre qualquer tema – por maior ou menor que seja – desde que tenha me marcado de alguma forma. Esse pequeno ritual de escrita me estimula a pensar sobre como os eventos se conectam e como uma área da vida influencia nas demais.

Desde o início da pandemia, vivemos anos desafiadores e sem precedentes. Sinto que em 2020 fomos pegos de surpresa, literalmente obrigados a ficar em casa. Isso aproximou algumas relações e afastou outras… também tivemos muito tempo para lidar com nossas sombras. Por aqui foi intenso!

Foi no final desse ano que eu quebrei o pé direito e me vi obrigada a ficar mais de um mês no sofá. Agitada como sou, tinha tudo para ser uma tortura. Mas não foi! Foi a pausa necessária para que eu estudasse e finalmente tomasse coragem de dar um salto – figurativamente, já que a bota ortopédica não me permitia mais do que alguns passos. Fiz minha transição de carreira e comecei a trabalhar como escritora e produtora de conteúdo.

Em 2021, aprendemos a nos cuidar, cuidar dos nossos e viver a vida em outro ritmo, mais lento, como a saúde e a economia nos permitiam. Por aqui foi um ano de faxina e reorganização! Refiz minhas bases, reencontrei uma amiga querida e montamos juntas a LAB, nossa empresa de estratégia & conteúdos. 

A chegada de 2022 veio com a sensação de um retorno à normalidade. Mas, à essa altura, o que é normal? Os anos anteriores foram mais introspectivos e reclusos e agora vivemos uma ressaca de tudo o que aconteceu – dentro e fora de nós.  

Podemos sair às ruas novamente, mas agora carregamos as marcas de um trauma coletivo. Ainda me parece difícil dar conta da vida privada e, de repente, estamos de volta à esfera pública. E se você se sente desorientado, nem pense em olhar para os lados: todos vivem sua própria versão do caos.

Estamos tentando nos encontrar de novo, pois, mesmo trancados dentro de casa, nos perdemos. Depois de tanto tempo, é preciso descobrir o que o se manteve e o que mudou. E aqui vale tudo: lojas do bairro que fecharam, empregos que mudaram, amigos que hoje mais parecem estranhos.

Aquele alívio que eu pensava que sentiria na volta ao presencial nunca chegou. Alguns dos avanços tecnológicos nos atropelaram de forma irreversível, e o que parecia provisório veio para ficar. Veja bem, longe de mim reclamar do home office, mas sinto falta de caminhar na rua, passar na padaria na volta para casa, almoçar com colegas e ter um pouco de distração entre reuniões. Opa, reunião não, agora a gente chama de “meeting”. 

As coisas foram sendo retomadas aos poucos: passeios, eventos, festas e viagens. E eu comecei a me perguntar se isso significava que a gente já podia se ver. Mas eu não conseguia marcar um encontro com meus amigos! Havia tantos ruídos em nossa comunicação, era como se eles não me conhecessem mais. Tampouco eu os conhecia, percebi angustiada, afinal, os dois últimos anos passaram para todos.

Sofri muito com todo esse estranhamento, mas, aos poucos, fiz o que faço de melhor: me reorganizei. Entendi que algumas coisas deixaram de fazer sentido e que eu precisava deixá-las para trás. Não havia motivos para carregar tantos pesos! Encerrei ciclos importantes e termino o ano com alguns pendurados, sem saber ainda o que fazer com eles.

É preciso muita coragem para sair de um lugar que antes era tão confortável, mas, ao mesmo tempo, onde não couber, não te demores. Afinal, não deveria ser difícil me relacionar com pessoas tão próximas, deveria?

Eu mudei tanto nos últimos meses! Perdi peso, comecei a praticar Yoga e estou prestes a me casar, mas absolutamente nada aconteceu como eu esperava. Esse tem sido um período intenso de autodescoberta, e tenho muito orgulho dessa Tati que está sentada aqui hoje colocando seus sentimentos no papel. Apesar de tudo, posso afirmar com segurança que eu não a trocaria por nada no mundo, nem pela volta daquele antigo conforto da vida pré-pandemia.

Talvez você, assim como eu, esteja terminando esse ano com a sensação de que nada saiu conforme o planejado, mas que, ainda assim, viveu um montão de coisas. E eu não faço ideia do que está por vir, só sei que 2022 vai embora com um suspiro pesado, daqueles que faz cair os ombros, mas que alivia os pulmões.

Publicado originalmente em: Medium.

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Ressaca literária: o que é e como você pode sair dela

Já aconteceu de você terminar de ler um livro e não conseguir começar outra leitura? Seja por falta de vontade de embarcar em uma nova história ou por não conseguir se envolver na trama, o fato é que às vezes precisamos de um tempo.

E vou te contar um segredo: talvez você esteja sofrendo de ressaca literária.

Ressaca literária é um termo carinhosamente criado pelos leitores para definir aquele período entre livros quando você simplesmente não consegue ler. Geralmente, acontece depois de uma leitura incrível que te marca tanto que, quando termina, te faz perder o interesse em qualquer outra coisa – já que parece impossível superá-la.

Nesse período de hiato, nos sentimos tristes e alegres ao mesmo tempo, por ter terminado uma história tão boa, que nos cativou ou destruiu o coração (sem julgar preferências, rs). Isso gera um desânimo de entrar em outro universo literário, porque você ainda está profundamente imerso no anterior.

Outra possibilidade é que a ressaca aconteça após a leitura de uma obra muito cansativa, monótona ou extensa – a ponto de te fazer desistir e querer dar um tempo das leituras.

Alguns sinais de que você pode estar vivendo uma ressaca literária são:

  • Você ainda se sente muito conectado com os personagens da história;
  • Você pensa muito a respeito do universo criado pelo autor e, convenhamos, adoraria continuar vivendo nele;
  • Você está com o livro sempre por perto, faz anotações, lê e relê suas citações ou trechos favoritos;
  • Você já tentou se esforçar para começar um livro novo, mas fez muitas comparações e sente que não é  a mesma coisa. 

Os sintomas mais comuns são o desinteresse em começar novos livros, dificuldade para se concentrar, ou até sentir-se saturado do mundo da literatura. Mas pode ficar tranquilo, essa condição é normal e uma hora atinge a todos nós leitores.

A sensação que dá é a de que nunca mais encontraremos um livro tão bom ou uma história que nos prenda tanto.

A boa notícia é que a ressaca literária pode ser superada e o hábito da leitura retomado.

O primeiro passo para sair de uma ressaca é entender o motivo que te fez entrar nela. Pode ser que a vida esteja corrida e o cansaço é tanto que no seu tempo livre você só quer descansar e se distrair com coisas mais simples. Neste caso, respeite o seu tempo e não deixe a ansiedade dominar – colocar pressão em cima das leituras não ajuda em nada.

A seguir, separei algumas dicas valiosas para te ajudar a voltar a ler com regularidade:

  1. Converse com alguém sobre o livro: pode ser que você ainda esteja muito imerso na história de sua última leitura e, nesse caso, conversar com alguém sobre a trama pode ajudar. Pode ser uma pessoa que já leu o livro, se você conhecer alguém, ou então qualquer outra pessoa, pois falar sobre a história e fazer uma indicação irá te ajudar a entender o que te impactou tanto;
  2. Releia um livro: todo mundo tem seus queridinhos. Reler um livro é entrar em contato com uma história já conhecida, e isso pode ser aconchegante e trazer boas memórias. Assim, você não perde o ritmo e consegue, aos poucos, se desligar da narrativa que está te prendendo. Eu gosto tanto desse tema que escrevi um artigo inteiro sobre a experiência de reler livros, confira aqui;
  3. Leia contos: talvez se prender a uma nova trama e a novos personagens seja esforço demais neste momento. E é justamente por isso que os contos são uma ótima opção! Geralmente são curtos, fáceis de ler e tem uma alta capacidade de nos tirar da ressaca. E aproveito para fazer uma indicação bem pessoal aqui, meu conto “Malditos Morangos”, disponível na Amazon;
  4. Leia livros fáceis: se suas habilidades de leitura estão meio enferrujadas, procure livros leves, rápidos e fáceis de ler. A ressaca traz aquela sensação de fadiga, de leitura que não flui. Por isso, não hesite em investir em clichês ou leituras rápidas. Elas ajudam a destravar e então você pode seguir em frente;
  5. Não tenha medo de abandonar um livro: às vezes o problema não está no seu ritmo de leitura, e sim na obra escolhida. Por isso, se você sente que a leitura não está avançando, não se obrigue a ler até o final. A leitura precisa ser prazerosa, e se o livro não está te acrescentando nada, talvez ele não seja para você – pelo menos não neste momento. Por isso, desistir não é só uma possibilidade, como pode ser a solução para retomar as leituras;
  6. Experimente mudar de gênero: talvez você esteja consumindo o mesmo gênero, autor ou formato de livro há muito tempo e a sensação de estar estagnado pode vir daí. Experimente alternar gêneros e até ler algo completamente novo. Explore os livros e talvez você descubra algo que combine melhor com o momento atual da sua vida;
  7. Tente ler mais de um livro ao mesmo tempo: alternar entre formatos e estilos também ajuda a destravar a leitura. Se uma obra estiver muito densa, você pode intercalar com uma leitura leve e fluída. Eu, por exemplo, gosto de alternar sempre entre um livro de ficção e um tema de estudos do meu interesse. Conto tudo sobre isso aqui;
  8. Dê um tempo: e às vezes não adianta insistir. Você deve respeitar o seu tempo e procurar outras mídias e formatos de conteúdo para se entreter. Explore os catálogos de séries e filmes e se permita explorar novas possibilidades, até que em algum momento você encontrará o livro certo e a vontade de ler voltará de forma natural.

A verdade é que ler é igual a andar de bicicleta: a gente aprende na prática e não esquece mais. Para conquistar o hábito da leitura, você precisa encaixar os livros em sua rotina, de forma prazerosa. Se quiser saber mais sobre como criar e manter esse hábito, recomendo a leitura deste artigo, que segue sendo um dos mais acessados aqui no blog.

Respeite o seu tempo e se permita sentir a ressaca literária. Aos poucos, as coisas voltam a se encaixar e um livro cativante surgirá em seu caminho. Aproveite-o até a próxima ressaca 😉

Publicado originalmente em: Medium.

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Ler mais de um livro ao mesmo tempo: descubra os benefícios e mais 7 dicas para aproveitar a leitura

Ler mais de um livro ao mesmo tempo é uma prática comum entre os leitores assíduos. Mas pode ser uma novidade desafiadora para quem está tentando adquirir o hábito da leitura.

Estudos revelam que a leitura não traz benefícios apenas para o momento presente, mas ajuda também a proteger o cérebro contra o surgimento de doenças neurodegenerativas – como a demência e o Alzheimer.

O hábito de ler mais de uma obra simultaneamente também contribui muito com a atividade mental, uma vez que estimula o cérebro a lembrar de mais coisas e abre espaço para mais memórias, além de aguçar a concentração.

O hábito da leitura no Brasil

Apesar de existirem hoje comunidades de leitores dominando espaços digitais e divulgando uma série de obras – literárias e de não ficção –, o panorama geral do nosso país não é tão animador.

Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) em 2019,  o número de leitores no país caiu de 56% para 52%, totalizando 4,6 milhões de pessoas. Essa pesquisa considera como leitor toda pessoa que leu pelo menos um livro (inteiro ou em partes) nos últimos três meses antes da aplicação da entrevista.

Os dados apontam que o brasileiro lê, em média, cinco livros por ano — mas apenas dois e meio completos.

Diante deste cenário, surge a urgência de conscientizar mais pessoas sobre a importância da leitura e incentivar o hábito.

Ler mais de um livro ao mesmo tempo é uma forma de aprender, se entreter e reforçar a criação de uma rotina que inclua mais livros, cultura e vocabulário.

Vale a pena ler mais de um livro ao mesmo tempo?

Quem me conhece sabe que eu não saio de casa sem ter ao menos um livro em minha companhia – não raro, você encontra mais do que um exemplar em minha bolsa. Tenho desde muito cedo o costume de ler como forma de aproveitar o tempo em intervalos como filas e salas de espera.

Desde que entrei na faculdade, esse hábito cresceu muito e comecei a conciliar leituras simultâneas para poder ler os materiais que os professores recomendavam sem abandonar a literatura, que é tão importante para o meu lazer e descanso.

E hoje eu vim dividir com vocês as 10 principais vantagens que eu percebo nesse hábito:

  1. Melhora a memória e a capacidade de reter informações: ao ler sobre mais de um assunto, você estimula seu cérebro a absorver mais informações, reter memórias e também a fazer mais associações entre os livros, ou seja, contribui para o desenvolvimento de pensamento crítico;
  2. Alternância entre temas: às vezes uma leitura pode ser densa e cansativa e, por isso, variar livros com diferentes temas e níveis de dificuldade é uma boa maneira de não abandonar os livros e se manter firme na leitura. Se um dos livros cansar e você precisar fazer uma pausa, outro estará à sua espera;
  3. Melhora o foco e a concentração: por estar trabalhando com mais informações e retendo um número maior de memórias, você treina a habilidade de se focar em cada assunto, e isso passa a se refletir em outras áreas da sua vida;
  4. Aprender sobre diferentes temas: somos seres plurais e temos diversos interesses. Se você se organizar, pode estudar sobre assuntos diferentes em paralelo e aprender sobre mais de um tema ao mesmo tempo;
  5. Expansão de vocabulário: ler mais de um livro te mostra diferentes formas de contar histórias e, ao entrar em contato com diferentes estilos de escrita, você adquire mais vocabulário e aumenta seu repertório cultural;
  6. Estimula a criatividade: a variedade de histórias fictícias e/ou temas de interesse, expande nossos horizontes e conhecimentos, nos tornando pessoas de pensamento mais ágil e criativo;
  7. Mescla estudos com lazer: se você precisa estudar e tem um compromisso, é comum que se foque nesse aprendizado. Porém, é possível encaixar livros mais leves na rotina como forma de descansar dos assuntos teóricos e ter um momento de lazer – lendo um livro de literatura ou poesia, por exemplo;
  8. Distribui o peso dos livros: pode ser que você queira ler um romance de quase mil páginas, ou esteja lendo um livro de referências enorme e pesado. Se você não quiser carregar esses calhamaços por aí, pode alterná-lo com um livro mais curto e leve. Deixando os livros maiores em casa, você torna a experiência da leitura mais confortável, e este pode ser um incentivo para não perder o ritmo; 
  9. Aumenta o volume de leituras: lendo mais de um livro ao mesmo tempo, você amplia a variedade de temas estudados e também tem a oportunidade de aumentar o número de livros lidos, uma vez que as leituras começam a fluir melhor e mais rápido com o tempo;
  10. Satisfação pessoal: se sua meta é ler mais livros, parabéns! Conquistar o hábito da leitura nos dá a sensação de que estamos aproveitando o tempo com temas prazerosos e que agregam valor para a vida – pessoal e profissional. 

Como vimos, existem muitas vantagens em organizar suas leituras e aproveitar o tempo para ler mais livros. Mas aqui vai um alerta: é preciso ter cuidado para não se atrapalhar no início do processo e nem perder a motivação. Entre as maiores dificuldade de quem está começando estão:

  1. Você pode se confundir: para algumas pessoas, lembrar de dois enredos, diferentes temas ou personagens de uma vez pode ser demais. É possível que você se sinta perdido e confunda as narrativas uma com a outra, estragando a experiência de ambas as leituras;
  2. Perder o foco: algumas pessoas começam a ler diversos livros, mas não terminam nenhum. Quando o foco muda muito rápido, pode ser difícil se demorar em uma história. Por isso é importante selecionar cada leitura e assumir um compromisso com os livros. Começar muitas leituras pode realmente ser pouco proveitoso;
  3. Preferir apenas as leituras fáceis: especialmente quando você divide seu tempo entre uma leitura por lazer e um estudo, pode ser uma tentação ler apenas o livro mais leve e prazeroso – é preciso encontrar um equilíbrio.

Como várias partes do nosso cérebro são ativadas durante a leitura, ao ler mais de um livro ao mesmo tempo, estamos fazendo-o trabalhar com mais intensidade e exercitando nosso potencial cognitivo. Isso já faz valer o desafio de dar uma chance para as leituras simultâneas!

7 dicas para aproveitar melhor a leitura

Se você está começando agora, se liga nessas dicas para aproveitar melhor as leituras e organizar os diferentes livros:

  1. Misture gêneros literários e/ou teóricos: para não se confundir, você pode optar por ler livros de diferentes gêneros. Por exemplo, pode ler um livro de ficção e um de poesias; ou então um livro de ficção e um livro teórico de sua área de estudos. Como os temas não se relacionam, você cria dois momentos distintos de leitura e absorve melhor o conteúdo de cada um;
  2. Não fique muito tempo sem retomar o livro: se você deixar passar muito tempo, a chance de esquecer parte da história ou do contexto é maior. Isso pode te levar ao abandono da leitura, ou à necessidade de retomar uma parte já lida, prejudicando a experiência com o livro;
  3. Faça anotações: especialmente quando for estudar sobre um tema teórico, você pode fazer anotações em um caderno ou arquivo do seu computador para revisitar os principais tópicos no futuro. Essa técnica também contribui com a retenção de informação pela mente, além de criar um material de consulta e referências;
  4. Você também pode variar o formato: hoje em dia temos livros físicos, livros digitais e audiobooks como opções. Por isso, você pode escolher um tema diferente para cada formato e criar momentos no seu dia para consumir cada um deles. Por exemplo, pode ler um exemplar físico em casa e ouvir um audiobook a caminho do trabalho ou enquanto malha na academia. Os leitores digitais também são boas opções para levar como acompanhante na rua, devido à sua praticidade e leveza;
  5. Estabeleça uma rotina: crie horários ao longo do seu dia para ler. Se você não estabelecer um compromisso consigo mesmo, dificilmente conseguirá incluir o hábito da leitura em seu dia a dia. Para saber mais sobre como criar um hábito, recomendo a leitura deste artigo aqui no blog;
  6. Leia cada livro em um horário diferente: se você emendar as leituras, seu cérebro pode não conseguir trocar de contexto com tanta agilidade e isso tornará a experiência cansativa e confusa. Por isso, o ideal é encontrar um momento diferente do dia para cada livro;
  7. Defina o objetivo de cada leitura: para organizar suas leituras e horários, pense sobre o objetivo de cada livro lido e, assim, sempre terá o livro adequado em mãos. Uma leitura leve e descontraída é perfeita para salas de espera, por exemplo. Já um livro de estudos requer um ambiente silencioso e maior concentração.

Minha experiência pessoal de leitura sempre foi muito positiva, sinto que consigo ler mais e, desta forma, aproveito melhor meu tempo para explorar os diversos temas que são do meu interesse. Por isso, recomendo que você separe alguns livros e dê uma chance para a leitura simultânea.

Me conta aqui nos comentários como é essa experiência pra você: você já leu ou tem o hábito de ler mais de um livro ao mesmo tempo? Quais são os desafios que encontra em sua rotina? Vou adorar bater um papo sobre as nossas leituras ❤

Publicado originalmente em: Medium.

Publicado em Crônicas, Textos

Estranhas com memórias

Eu perdi uma amiga durante a pandemia. Não, não foi da forma como você está pensando. Ainda assim, doeu bastante.

Algumas amizades definham, outras simplesmente terminam.

Assim que saí da escola, prometi manter o contato com meus amigos. Mas a vida foi ficando corrida, cada um foi para um lado e então vieram a faculdade, o trabalho, o namoro… E ficou cada vez mais difícil nos encontrarmos.

Ainda trocávamos mensagens, lutávamos para abrir um espaço em comum em nossas agendas, até que a comunicação foi se espaçando para mensagens de aniversários e uma curtida aqui, outra ali.

E eu entendi que isso faz parte da vida. Ainda tenho algumas dessas pessoas nas redes sociais e acompanho, de longe, um pouquinho sobre suas vidas: uma foi morar fora do país, outra se casou e já tem uma filha, e uma delas dá dicas incríveis em seu perfil profissional. Às vezes a gente cresce em sentidos diferentes e os desencontros acontecem.

Na faculdade, o ciclo se repetiu, bem como em outros meios que frequentei. Algumas pessoas se afastam, enquanto outras seguem guardadas com carinho na memória. E são poucas as que realmente ficam, que crescem com a gente e continuam fazendo sentido em nossa história. Essas se tornam muito especiais – e essenciais – com o tempo.

Mas, pouco menos de um mês antes do mundo virar de cabeça para baixo, tive um pequeno desentendimento com meu grupo de amigos. Do meu ponto de vista era algo simples mesmo: manifestei um incômodo, gerei um incômodo, e conversamos sobre isso para seguir em frente sem mal-entendidos – ou pior, coisas não ditas.

Estávamos trocando mensagens até que alguém propôs um encontro presencial para conversarmos sobre tudo. Porém, logo em seguida, chegou a notícia da pandemia e da quarentena aqui no Brasil. Obviamente nosso encontro foi adiado.

E é claro que ninguém esperava que precisaríamos passar tanto tempo afastados.

Como medida emergencial, deixamos tudo isso de lado e nos comprometemos a trocar notícias, afinal, a prioridade era saber se todos estavam bem e em segurança. A amizade falou mais alto, sabe?

 Mas um incômodo ficou, e foi com uma única pessoa. Aquilo ficou martelando na minha cabeça, então eu a procurei e tentei resolver, mas ela disse que não estava em condições de lidar com isso no momento bom, em meio a uma pandemia, quem poderia julgá-la?

Só que os meses foram passando, e ela negou todas minhas tentativas de contato, até que atingimos o ápice: eu enviei um presente pelo correio em seu aniversário e ela nem se deu o trabalho de agradecer. Eu, boba, fui perguntar se havia sido entregue, pois a primeira coisa que eu pensei foi em extravio e não em descaso. Me enganei.

Esse foi o começo do fim.

A partir daí, comecei a me questionar se essa amizade tinha mesmo algum valor, pois, aparentemente, não era recíproca. Será que valia a pena insistir em alguém que decidiu me tratar de tal maneira? Passei os meses seguintes refletindo sobre isso e elaborando esse término.

Confesso que a história teve um agravante: nossos amigos em comum. Fiquei insegura quanto ao grupo e não quis envolvê-los, pois não queria que ninguém precisasse se posicionar. Entendi que aquele era um caso isolado – entre ela e eu.

Com o tempo, eu consegui me libertar desta relação. Nós compartilhamos muitos bons momentos juntas, sei muito sobre sua história, assim como ela sabe sobre a minha. Vivemos o final da adolescência e início da vida adulta juntas, foram muitas inseguranças compartilhadas, muito incentivo e sororidade – aliás, a gente nem conhecia essa palavra naquela época.

Eu acredito que nada apaga um relacionamento de mais de uma década. Mas é muito estranho pensar em como a balança estava desnivelada e em como ela não teve um pingo de consideração com nossa história.

Hoje, somos estranhas, mas ainda carregamos tantas memórias dos momentos compartilhados… Eu sei que este é um lugar estranho para se ocupar na vida de alguém, ainda assim, é melhor do que manter por perto – ou tentar ficar perto – de alguém que não te faz bem nenhum. 

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Metas SMART: O que são e como elas podem te ajudar a alcançar seus objetivos

O conceito de metas SMART foi criado para atender às necessidades do mundo corporativo, mas vem sendo amplamente utilizado em diferentes contextos. No artigo de hoje, eu vou te contar o que são metas SMART, o significado de cada letra da sigla e como essa metodologia pode te ajudar a alcançar os seus objetivos. Acompanhe!

Pra que servem as metas?

Pra gente começar essa conversa, primeiro precisamos entender a diferença entre um objetivo e uma meta: um objetivo nada mais é do que um fim que queremos atingir, pode ser algo que desejamos, por exemplo. Por isso, é muito importante ter muita clareza sobre quais são os seus objetivos, afinal são eles que motivam as ações. 

Quando falamos em metas, nos referimos ao tempo e aos meios que serão utilizados para atingir esses objetivos que foram definidos. Os dois conceitos estão relacionados, e as metas funcionam como um direcionamento. 

Em resumo, é preciso saber o que se deseja conquistar ou qual lugar quer alcançar. A partir daí, conseguimos analisar o contexto e as variáveis envolvidas, quais são as ferramentas disponíveis, além dos desafios e dificuldades que podem surgir no caminho. Com isso, é possível elaborar um planejamento estratégico de suas ações em direção ao resultado esperado. 

As metas são muito usadas em empresas ou para trabalhos em grupo porque funcionam como uma forma de estimular as pessoas em prol de um objetivo em comum. Porém, é preciso se atentar para que sejam sempre estimulantes e promovam o engajamento da equipe, nunca o contrário.

Quando uma meta é definida sem embasamento, ela se torna apenas um número arbitrário. Uma vez que não condiz com a realidade, não é possível utilizá-la para trilhar um caminho até o objetivo e seu efeito acaba sendo exatamente o oposto ao esperado: desmotivação, falta de confiança e desistência. 

A melhor parte é que, apesar de serem normalmente associadas a trabalho e objetivos profissionais, a verdade é que você também pode aplicar o conceito de metas em sua vida pessoal e usá-las como aliadas e motivadores para atingir seus objetivos. 

A seguir, vamos nos aprofundar no conceito de metas SMART e entender como elas podem nos ajudar a manter o foco, a motivação e a produtividade.

O que são metas SMART

O conceito de metas SMART diz respeito a uma metodologia que te ajuda a criar metas inteligentes, como seu próprio acrônimo sugere. O método SMART é uma forma objetiva e eficiente de criar metas que façam sentido

Originalmente, seu conceito foi desenvolvido para empresas, pois auxilia todas as fases de um plano de negócios: planejamento, ação e mensuração dos resultados. Mas com um resultado tão expressivo e satisfatório, logo passou a ser aplicada em outras áreas da vida. 

Seguindo essa metodologia, toda meta deve possuir cinco critérios essenciais, que são: 

S (Específica)

Para atingir uma meta, é fundamental que todas as pessoas envolvidas com o seu cumprimento entendam com clareza do que ela se trata e, por isso, precisa ser bastante específica.

É importante que você saiba exatamente o que deseja alcançar – seu objetivo – para que possa planejar as ações e definir o marco que determinará o seu alcance. 

Não exite em explorar seu objetivo e ser bastante específico nessa etapa. Para se guiar nessa etapa, você pode responder às seguintes questões: 

  • O que eu espero alcançar com essa meta?
  • Por que ela é importante? 
  • Onde será realizada? 
  • De que forma será realizada? 

M (mensurável)

Só faz sentido criar uma meta se você puder medir os esforços e resultados, concorda? Então você precisa criar um sistema que possibilite a análise do desempenho das ações rumo ao objetivo final. 

Uma boa forma de realizar isso é dividindo sua meta em ações que contenham elementos mensuráveis. Assim, terá a possibilidade de acompanhar seu progresso por meio de indicadores – quantitativos ou qualitativos – que expressem o desempenho e evolução do processo.

Isso também ajuda os envolvidos a se manterem focados e cumprirem os prazos, sem desanimar ou procrastinar. 

Para ser mensurável, sua meta deve responder: 

  • Qual é o resultado esperado?
  • Quanto tempo será necessário para atingi-la? 
  • De que maneira o resultado pode ser mensurado? 

A (atingível)

Não adianta estabelecer metas que não condizem com a realidade. Toda e qualquer meta precisa ser atingível, caso contrário não há razão de existir. 

Se você estabelecer uma meta muito alta ou mesmo impossível de se atingir, conseguirá apenas desmotivar os envolvidos, gerando um alto nível de frustração.

Imagine que você crie estratégias, se empenhe para executar e medir suas ações para, no final, não conseguir atingir os resultados propostos. É justamente para evitar que isso aconteça que você precisa garantir que o resultado da meta deve ser algo tangível, e não apenas um sonho – impossível de ser realizado. 

Seja desafiador ao propor uma meta, porém realista quanto a seu contexto e recursos, de forma a identificar oportunidades e engajar os envolvidos.  

Antes de definir sua meta, se pergunte: 

  • Com base nas informações que possuo, é possível atingir o objetivo desejado? 
  • As pessoas envolvidas acreditam no sucesso do resultado? 
  • Como posso atingi-la com os recursos que tenho à disposição hoje? 

R (relevante)

Quando você estabelece uma meta e define os responsáveis e algumas métricas para seu cumprimento, deve saber que, quanto mais relevante for a meta, mais motivados estarão os envolvidos. 

Basicamente, você precisa ser capaz de entender o porquê ela é importante, já que isso terá relação direta com a motivação para seu alcance e resultados. E atenção para o pulo do gato: a meta precisa ser relevante tanto para quem a propõe quanto para quem a executa.

Para confirmar se sua meta é relevante, se pergunte: 

  • Por que você deseja alcançar essa meta?
  • O que motiva você e os demais envolvidos? 
  • Essa meta é útil? 

T (temporal)

Uma meta sem prazo não tem foco, fica solta, sem prioridade. Por isso, você precisa estabelecer, de forma atingível, um período para sua realização. 

Defina se sua meta deve ser alcançada em um mês, seis meses ou um ano, por exemplo. Estabelecer um período de tempo dá contorno ao plano de ação, deixa a meta mais realista e objetiva.

É claro que você pode – e deve! – ser flexível e reestabelecer prioridades se necessário, mas é importante ter uma data limite para se organizar e começar a agir. Isso ajuda a manter um ritmo de produção e ter uma previsão de sua conclusão.

Para definir o tempo de cumprimento de sua meta, de forma realista, responda às seguintes questões: 

  • Quanto tempo tenho para atingir meu objetivo? 
  • Tenho os recursos necessários para executá-la no tempo estabelecido?
  • Todos os envolvidos concordam que o prazo definido é viável?

Como as metas SMART podem te ajudar

Se você deseja conquistar seus objetivos, precisa concentrar seus esforços e recursos, economizando tempo e energia para se focar naquilo que realmente importa. Para que isso aconteça, deve estabelecer metas inteligentes e cumpri-las.

Portanto, ao criar uma meta, garanta que ela seja específica, ou seja, tenha um objetivo claro; mensurável, com ações possíveis de medir e acompanhar; alcançável, para manter os envolvidos motivados; relevante, ou seja, que haja propósito em atingi-la; e temporal, com um prazo de conclusão pré-estabelecido.

Se você gostou do conceito de metas SMART, se organize e planeje suas ações sempre que tiver um objetivo, assim, você terá clareza sobre os recursos e tempo disponíveis, além de uma dose extra de foco e motivação. 

E não se esqueça de comemorar suas pequenas vitórias. Estabelecer submetas ajuda a acompanhar seu progresso e fazer mudanças de rota, se necessário. Assim, você acompanha seu progresso e se mantém motivado e com o foco no objetivo final. 

Por fim, recomendo a leitura deste artigo para descobrir como criar ou mudar um hábito, afinal, o cumprimento das metas está muito relacionado a nossos comportamentos e hábitos. 

Uma meta não se realiza em um dia, mas pouco a pouco, ação após ação. 

E o grande diferencial do modelo de metas SMART está em garantir o foco nos objetivos, de forma estimulante e atingível.

Publicado originalmente em: Medium.