Às vezes a vontade de dizer algo é maior do que a capacidade de encontrar palavras para expressar-me. Se você é como eu, com certeza já teve um daqueles momentos em que sente algo intensamente, sabe que aquilo tem algum significado – tem que ter! – porém se vê incapaz de encontrar um meio que traduza exatamente aquilo que está pensando ou sentindo.
É uma sensação inexplicável, e que aparece em diferentes situações. Quando aprendo algo novo, uma teoria, por exemplo: começo a entendê-la aos poucos, conforme me familiarizo com seu vocabulário e conceitos. Aos poucos fico mais confiante e tudo finalmente começa a fazer sentido, mas toda minha autoestima se esvai quando alguém me faz uma pergunta ou simplesmente me pede uma explicação sobre o que tanto leio. É muito mais fácil compreender algo já dito do que articular as ideias e expressar-me em minhas próprias palavras. Demoro mais uns bons meses até conseguir me arriscar a dar alguma explicação satisfatória.
Heidegger uma vez disse que é das significações que nascem as palavras, e não são as palavras que, entendidas como coisas, se proveem de significados. Sou obrigada a concordar, já que eu, amante das palavras, às vezes me pego tentando captar determinados momentos, pensando em como gostaria de poder observar com atenção tudo o que está à minha volta, para registrar depois. Mas, quando encaro uma folha em branco, escrever uma frase até o final parece impossível, e às vezes o é.
Parece que quanto mais simples se tornam as coisas, mais difícil é dizê-las. Os clichês são mais fáceis, deles consigo tirar algo, e foi assim que entendi que há momentos em que nada podemos dizer, apenas sentir, já que o calar também pertence ao discurso.
Lindo Tati! <3
Obrigada! 🙂