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Um dia de faxina

– Mãe, posso jogar fora? – perguntei, balançando um vaso velho em minhas mãos.

– Não – ela respondeu sem nem ao menos levantar os olhos da pilha de papéis que estava a sua frente.

– Você sempre guarda um monte de vasos e nunca usa novamente. Não podemos jogar alguns fora? Por favor. Só metade deles, o resto eu empilho e arrumo um lugar dentro do armário.

– Tudo bem. Mas guarda o azul de lacinhos, adoro ele.

– Se adorasse mesmo ele não estaria jogado no armário – murmurei, irritada.

– Quer parar de reclamar?

– Você me pede ajuda para arrumar essa garagem imunda e não quer que eu dê minha opinião?

– Filha, encontrei seus cadernos da escola. Tem vários aqui, no fundo dessa caixa.

– Jura? Quero ver.

– Quem era Renan? – ela perguntou rindo.

– Renan? Ei! Me dá isso aqui – disse puxando o caderno da sua mão e tentando tampar o nome que estava escrito em uma letra caprichada e cercada de pequenos corações vermelhos.

Ela continuou me olhando, risonha.

– Tudo bem. Era um menino da minha sala, eu gostava dele no colegial. Só isso, senhorita intrometida.

– Só fiz uma pergunta – ela respondeu rindo.

– Mãe, e o que são todas essas sacolas aqui?

– São coisas do guarda-roupa da sua avó, já se passaram dois anos, mas eu nunca tive coragem de mexer em nada. Se você quiser me ajudar, agradeço.

– Tudo bem – disse enquanto desatava o nó da primeira sacola – Só roupas aqui.

– Separa o que estiver em bom estado para doarmos então.

– Mãe, achei uma sacola de coisas suas também, você trouxe lá da casa dela?

Ela apenas concordou com um aceno de cabeça, então eu continuei examinando o conteúdo de sua sacola de memórias.

– E me diz aí, quem era esse tal de Gustavo?

– Eeeeei!

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