O inverno está chegando. Os dias começam a ficar mais curtos, e as noites, mais geladas. Já dá para sentir os pelos do meu braço se arrepiando quando desço do ônibus e caminho até em casa.
Isso quer dizer que está chegando a hora de guardar os vestidos no armário e resgatar os já esquecidos casacos. As bermudas deixam de ser suficientes e eu preciso de um pouco mais de pano em meu corpo, me pego desejando estar de calças.
Pois bem, tirei-as do armário para ver com que tipo de material estaria lidando nos próximos meses. Tenho um moletom velho que é maravilhoso para as noites de folga, mas sei que seria julgada se o usasse na rua. Há também algumas leggings, reservadas para usar com botas, e uma calça de tecido, vermelha, que nunca encontro ocasião adequada para usar.
Finalmente cheguei às calças jeans, que são praticamente meu uniforme durante a estação. Com um susto, me dei conta de que não estava em uma boa safra: minha preferida está tão gasta entre as coxas que acho que não resistiriam a mais uma lavagem; tenho mais duas que, apesar de velhas, terão que aguentar mais uma temporada. A última peça da pilha é uma calça com três tons de azul, em degradê. Não sei onde estava com a cabeça quando a comprei, é ainda pior do que a vermelha! Procurei fotos em meu celular do inverno passado, mas não encontrei registros desse disparate em meu corpo, então só precisei tirá-la do guarda-roupa para apagar os rastros de sua existência.
O armário ficou vazio e fiz duas pilhas com as calças em minha cama – as que continuariam a ser usadas e as que iriam para doação. Assim, constatei o inevitável: precisava fazer compras.
Reservei um dia, após o expediente, para ir ao shopping e dei início à saga das calças, pois não há nada que eu deteste mais no mundo do que comprar jeans. Foram cinco lojas, totalizando cinco vendedores que tentaram ser simpáticos, me elogiaram e palpitaram sobre meu corpo e minhas pernas. E inúmeras calças provadas.
Você já deve ter reparado que eu tenho um problema com calças jeans. Ou, talvez, elas é quem tenham um problema comigo, afinal nenhuma parece se ajustar ao meu corpo. Tenho pernas grossas que não cabem dentro de uma skinny, meu número adequado deve ser algum intermediário aos existentes, pois um fica apertado e o outro largo.
Depois de rodar por todos os andares, ficar frustrada com minhas pernas e minha cintura, com as lojas e, principalmente, com as mercadorias, voltei para casa com duas peças novas, básicas – para que não haja futuros arrependimentos – e estou torcendo para que durem pelas próximas estações.