Ontem, um amigo me perguntou o que era essa tal de ansiedade, que parece estar na moda. Eu, admiradora de Heidegger que sou, não poderia lhe dar outra resposta que não “a ansiedade é um modo de ser”. Imagine sua surpresa ao ouvir o que eu tinha a lhe dizer.
Isso mesmo, a ansiedade é um modo de responder às demandas que me solicitam. Nossas experiências são sempre carregadas de afeto, isso porque, enquanto homem, me emociono.
Então, a ansiedade é aquela que aparece quando fico nervoso com uma prova que farei no dia seguinte, e também aquele frio no estômago que me aparece no dia de um primeiro encontro, e ainda, aquela sensação incômoda de ficar esperando uma resposta muito importante.
Mas não é só isso, ela está presente em todas as formas que encontro de me relacionar com o mundo. A minha pressa em melhorar de uma gripe ou o fato de ter toda minha carreira planejada para atingir sucesso antes dos trinta, a maneira de comer rápido, quase sem mastigar, só para poder voltar logo para minhas atividades e, principalmente, meu jeito de ser superprodutivo e não parar nunca para um descanso ou lazer, também revelam como ela me toca.
Carregado afetivamente, eu me antecipo naquilo que ainda está por vir a meu encontro no mundo, vivo uma experiência que ainda não ocorreu e que nem mesmo sei se ocorrerá, e vivo com uma intensidade que pode tornar seu peso enorme. Minha relação com o tempo se prende a um futuro, que como tal, não pode ser nada além de um conjunto de incertezas.
Se ela está na moda, é porque nossa época e nosso estilo de vida nos solicitam tanto que muitas vezes, a única ou a melhor maneira que encontramos para agir é essa: uma constante tentativa de antecipar e uma pressa enorme em realizar projetos.
Mas já parou para pensar que essa tentativa de driblar o tempo não passa de uma maneira de enganar a si mesmo? Fugimos de nossa condição mais básica que é a de sermos temporais, e se tentamos fazer tudo o que queremos fazer o mais rápido possível, é porque não sabemos quanto tempo ainda estaremos aqui, no mundo. Então, por temer a morte, que surge como a possibilidade de impossibilidade, é que temos tanta pressa em fazer tudo acontecer.
É, acho que Heidegger tinha razão. Eu, pelo menos, vivo apressada.