Eu passei a minha vida inteira estudando, desde os cinco anos de idade, para ser mais preciso. Fui emendando os estudos e cursos, e nunca pensei no momento em que isso terminaria. Fiz todo o ensino fundamental e médio, depois passei no vestibular e entrei logo na faculdade. Até aí o caminho já fora delineado. O problema surgiu quando a faculdade começou a se aproximar do fim.
Foi então que me dei conta de que dentro de poucos meses eu deixaria de ser aluno e me tornaria um profissional, um igual dentre meus professores, já que passaria a carregar o mesmo título. E é claro que eu desejava tal nomenclatura, para finalmente poder me posicionar, ter autoridade no assunto. Mas, ao mesmo tempo, ser um aluno é muito mais confortável, pois eu podia me esconder num revestimento de inexperiência, não havia problemas em não saber algo ou não dominar um tema, afinal, ainda estava aprendendo. E sempre havia um professor com quem podia dividir minhas inseguranças e encher de perguntas.
Então, antes mesmo do fim do ano, já procurei outras opções de curso e emendei uma pós-graduação, assim garanti meu posto de aprendiz por mais dois semestres inteiros. Só que mesmo adiando, o dia chegou novamente: me formei.
Mas será que um dia a gente deixa de aprender? Já faz um tempo desde que encerrei meu vínculo com uma instituição de ensino, mas nunca parei de ler ou de procurar artigos. Ainda tenho contato com alguns de meus mestres e ando com muita vontade de iniciar uma pesquisa acadêmica.
Acho que meu medo não era deixar de ser aluno, mas sim de precisar entrar no mundo profissional. Ficava inseguro quanto ao meu próprio conhecimento. Será que sei o bastante? Até hoje acho que não, afinal, há tanto no mundo para aprender e conhecer! Creio que a verdadeira pergunta a ser feita é “será que consigo fazer algo com o que sei?” E isso eu sei que consigo, já estou atuando em minha área há alguns anos.
Nunca deixei os estudos de lado, estou sempre fazendo algum curso aqui ou ali, nem que seja uma aula para aperfeiçoar um hobbie – no momento, violão. Mas já não me preocupo com meu título, afinal serei sempre um aprendiz.