Outro dia, no meio de uma conversa com uma amiga, ela disse “lembrei de você! ”, e então me contou sobre um texto de conteúdo machista que havia lido. Discutimos sobre o tal texto, e a conversa seguiu. Mas só depois percebi como essa cena é frequente em minha vida. Tem sido cada vez mais comum meus amigos e pessoas do meu convívio dizerem que se lembraram de mim ao ver alguma cena ou relato de conteúdo machista e que ofenda ou ameace mulheres de alguma forma.
Eu me interesso pelo tema, e já é esperado que eu fique indignada com algumas coisas que escuto e queira conversar a respeito. Mas então notei como os outros reparavam nessa minha característica e, principalmente, como começaram a reparar em pequenas atitudes machistas presentes em seus cotidianos.
Fiquei feliz ao pensar que talvez eu tenha uma parcela de responsabilidade nisso. De tanto ouvir falar a respeito, as pessoas começam a prestar mais atenção e a observar as coisas de outro ângulo. E então surgem os questionamentos. Às vezes sinto que me contam estas situações em um tom de pergunta, como se eu pudesse atestar se estão corretas ou não, se há mesmo motivos para enxergarem machismo ali ou não.
Então vou dar uma dica: meninas, toda vez que vocês se sentirem incomodadas com uma cantada na rua ou com a roupa que vestem, quando tiverem seus corpos ameaçados, se sentirem inferiorizadas ou forem tratadas com diferença apenas por causa de seu sexo, saibam que é machismo sim.
O machismo é todo comportamento de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros. E sua ideologia está impregnada nas mais diversas culturas há séculos. Nosso trabalho para desconstruir este pensamento é árduo, pois ele pode estar presente nas mais singelas ações.
Então eu fico feliz quando alguém lembra de mim e quer discutir a respeito, porque eu sigo lutando por nós, mulheres.