Avançar para o conteúdo
Home » Blog » Escrita e autoconhecimento

Escrita e autoconhecimento

É sempre difícil encarar uma página em branco.

Não, não fica mais fácil com o passar do tempo.  

Desde que comecei a trabalhar com escrita, sinto que perdi a naturalidade com as palavras. Briefings, palavras-chave, SEO, algoritmo e métricas  – tudo isso mexe com a gente. 

Mas algo me chama de volta. Sinto falta de escrever para mim. Por mim. 

Ontem, escrevi uma crônica na minha cabeça. Enquanto secava o cabelo, as frases desfilavam em minha mente e, pela primeira vez em muito tempo, eu realmente gostei do resultado. 

Mas cometi um erro de principiante: não anotei. Segui meu dia, achando que poderia sentar e reproduzir aquelas frases no papel mais tarde. 

Como você pode imaginar, esqueci-me completamente. 

Hoje, acordei com uma voz me dizendo que eu não era boa, que minha escrita deveria ser fraca, já que eu não conseguia mais colocar minhas palavras no papel. Ela costuma ser cruel assim mesmo, a voz da minha cabeça. 

Mas eu decidi que ela não me convenceria tão fácil.

Escrever é como marcar um encontro consigo mesmo. 

Às vezes, as palavras revelam mais do que gostaríamos. Derramo-me sobre o papel para organizar a bagunça de minhas emoções. 

Quanto mais escrevo, mais me conheço. Quanto mais me conheço, melhor escrevo. 

Um círculo virtuoso que assombra a vida de nós, escritores. 

Criar é estar aberto à vulnerabilidade. Por meio da escrita, consigo reconhecer características que fazem parte de mim. Meus padrões de pensamento ficam cristalinos quando os vejo impressos no papel. 

Um exercício de escrita livre – como este – me permite compreender frustrações, digerir emoções e, quiçá, reconhecer conquistas. 

Recentemente, reformei meu site (sim, este aqui mesmo). Na migração entre servidores, perdi algumas imagens, mas, por sorte, sou extremamente paranoica organizada e vivo fazendo backups

Pois bem, site de cara nova, lá fui eu reinserir as imagens em cada texto. Este trabalho foi, sem querer, um mergulho na minha própria escrita. E vou te contar uma coisa: eu escrevia mal pra caramba! 

Outra coisa que a escrita nos proporciona é um encontro com o passado. Cada texto é um recorte de seu tempo. Um pensamento, uma certeza ou uma dúvida que podem mudar, que irão mudar. 

Daqui a algum tempo, caso eu retorne a estas páginas, já terei mudado. O segredo é aprender a se criticar menos e apreciar mais a beleza do processo, enxergando a evolução nas palavras. 

O mesmo trabalho que travou minha escrita criativa é o que aprimorou – e muito – minha habilidade narrativa. 

A verdade é que seguirei mudando, me guardando e me (re)conhecendo nas palavras que escrevo. 

Sigo sendo eu mesma, a cada vez e toda vez.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *