Sou uma garota de hábitos.
Rotina e planejamento são como música para meus ouvidos. Não há nada que me encante mais do que uma agenda bem preparada, com compromissos e atividades estabelecidos.
Listas são o meu hobbie. Organizo tudo, desde criança. Minhas coisas, as coisas de casa, e as coisas de outras pessoas, se elas permitirem. Minha mãe sempre contou comigo para fazer listas quando viajávamos, era eu a responsável por não permitir que ninguém esquecesse nada. Um hábito que mantenho até hoje, sempre que faço as malas.
Admiro pessoas que conseguem gerir seu tempo e manter uma rotina produtiva. Passei muitos anos andando nos trilhos de meu próprio planejamento. Uma garota certinha, que não sai da linha.
Sempre me orgulhei de ostentar tais características. E elas são louváveis mesmo, pelo menos até certo ponto. O problema é quando você se torna refém do planejamento e acaba por perder a flexibilidade, quando o hábito se torna obrigação e a agenda uma profecia do destino.
Demorei para descobrir que ser produtivo de verdade é saber usar o tempo de forma equilibrada: trabalho, lazer, autocuidado e descanso. Cuidar de mim e de meus relacionamentos é tão importante quanto concluir um projeto que está com o prazo anotado em vermelho na agenda.
A lógica é simples: se um aspecto da vida não vai bem, que chance têm os outros? Sem descanso, chega um ponto que o trabalho para de render, e o foco vai embora se tudo o que estiver em minha mente for uma briga que tive no dia anterior.
Apesar de usarmos técnicas que categorizam e fragmentam nossas atividades, somos um só, inteiros e completos. Somos o conjunto de nossos interesses, desejos e ações. Somos nossas referências, projetos e cada uma das tarefas que fazemos ao longo do dia.
Logo eu, tão organizada, precisei reexaminar todos os meus conceitos e reaprender a realizar minhas atividades, sem cronometrar meus afazeres, e deixando algum tempo livre para relaxar e cuidar de mim.
Fazer o que me faz bem também precisa ser um hábito.