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Noite de leitura

Todo domingo à noite, eu coloco meu pijama, vou para o sofá e nada pode interromper meu momento de leitura. Às vezes tenho um chá quente ou café como companhia, mas o que importa mesmo são as palavras que desfilam nas páginas a minha frente. Ler é como entrar em outros mundos sem precisar deixar o meu. Me transporto para outras realidades, me permito explorar hipóteses e viajar em possibilidades, afinal, “e se?”.

A leitura não é apenas um ato racional, indo muito além, desperta emoções, devaneios, reacende memórias e é capaz de provocar as mais diversas sensações. Um mesmo livro nunca é lido da mesma forma por seus leitores, e o que torna cada contato uma experiência única é o fato de que lemos carregando nossa própria bagagem, então interpretamos a partir de nossas concepções de mundo e vivências anteriores. Portanto, nossa história afeta a forma como entramos em contato com outras histórias.

Mais curioso ainda é que nem mesmo eu sou capaz de ler o mesmo livro duas vezes. Ao reler uma obra, anos depois, minhas concepções já mudaram e eu vivi coisas que alteraram meu entendimento das palavras há muito tingidas no papel. A grande obra prima de minha adolescência pode não fazer sentido algum na vida adulta. Mas é claro que isso não tira seu imenso valor em meus anos mais jovem.

Confesso que às vezes leio porque quero dar um tempo da realidade, me afastar de interações humanas e me permitir ser apenas espectadora por um momento, mas então caio na armadilha de que não há nada mais revelador do universo humano do que as palavras conservadas em papel. Lá me deparo não apenas com a minha realidade, mas com infinitas outras.

A experiência da leitura, através do contato solitário com o livro, me convoca a entrar em contato com minhas particularidades existenciais, ao mesmo tempo que me permite experimentar e expandir vivências e conhecimentos. Fica mais fácil me arriscar por meio de um personagem, sem precisar sair de meu sofá. Assim, a literatura abre uma nova maneira de compreender e me relacionar com minha própria história. É exatamente por isso que eu acho que não há nada mais reconfortante para o fim do domingo do que um bom livro, que me desperta curiosidade e vontade para começar uma nova semana.

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